terça-feira, 7 de abril de 2009

Sobre a LUA



O Luar (Outros) escrito em Tuesday 07 April 2009 15:00

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A noite chega e ela fica a pensar nele, na viagem, na longa viagem... será que voltará, ou será mais uma ilusão... sim, mais uma.
Levantou-se, estava com insônia, e uma grande vontade de caminhar. Observou se mais alguém estava acordado, não estava a fim de conversar, queria apenas sair andando sem rumo, a olhar a lua e pensar... ou sonhar? Queria pensar, pois não era mais uma garotinha para ficar suspirando por sonhos. A realidade era bem crua, muito diferente dos contos de fada.
Andou pelo corredor, tudo calmo, nenhum barulho de televisor ligado na sala, todos estavam dormindo em seus quartos, assim ela pensava. Ou mais alguém estaria como ela, a vagar no meio da casa sem saber o que fazer, quase sem rumo.
Estava descalça, os pés muito brancos e finos pisavam a cerâmica fria, sentia um pouquinho de calafrio, por causa do piso ou por medo de sair? Continuou a andar, atravessou o longo corredor, foi para a entrada da casa. A chave, onde estava a bendita chave? Procurou, ah! Encontrou, estava debaixo do jarro de flores vermelhas. Fitou as flores, o vermelho, aquela cor sempre a fascinou, vermelho sangue, de paixão, de vida... também de morte... sangue a escorrer ... Pegou no trinco da porta cautelosamente para não fazer barulho, não estava com vontades de dar explicações, estava cansada disso, de tantas explicações, sua vida foi um relatório de explicações aos pais, mestres, parentes, vizinhos, aos mais velhos, enfim, a Deus e ao mundo. Cansou disso tudo, queria sumir, ir pra bem longe, mas teria coragem?
Abriu a porta e saiu. A noite estava linda, o luar a deixou em êxtase. Que noite, pensou ela, e ficaria melhor se ele estivesse aqui.
A praia não ficava longe da casa. Resolveu molhar os pés n’água salgada, a onda vinha deixar a espuma de champanhe em seus pés, lavando-os e deixando-os saborosos para uma noite de brinde de taças. Mas, por onde anda o parceiro das taças?
Sua longa camisola preta contrastava com seu corpo alvo. Havia um bom tempo que não tomava banho de sol, iria aproveitar aquelas férias para deixar o corpo diferente, marcado com a sensualidade do pequeníssimo biquíni.
A praia estava deserta, o vento cantava aos seus ouvidos, fechou os olhos para ouvir aquele assobio chamando-a. De repente deu uma vontade de abrir os braços e deixar que o tecido brincasse com seu corpo, ora dançava ora colava naquele corpo delgado, de cintura fina, quadris largos e seios roliços. O vento a convidava para dançar e assim o fez, ao som do mar ela bailou. Era uma bela imagem, ela dançando com a veste preta transparente esvoaçante que às vezes colava em seu corpo. As suas longas madeixas pretas entrelaçando-se com o sopro da brisa batia naquela pele clara como leite.
Parou e olhou o mar, respirou profundo aquele ar puro, sem a poluição das capitais. Depois olhou para o céu, que belas estrelas, um lindo pisca-pisca e fitou a lua. E pensou: se eu fosse uma poetisa iria te deixar mais bela ainda.
Sentou-se e olhou para as vagas indo e vindo, em um lindo balanço. Deitou-se e fechou os olhos, assim seu pensamento viajou e o encontrou, lá estava ele, perdido no tempo à espera.
Há quanto tempo ela esperava por este momento, por este encontro. Foram tantos desencontros em suas vidas que cada um seguiu seu rumo, sua história pessoal. Ambos foram envolver suas vidas com outras vidas, mas nunca deixaram de se amar.
Amor esquisito, eles não tinham coragem de se entregar um ao outro. O olhar que cada um fitava no outro dizia muito, contudo eles não concretizavam seus desejos, não tinham forças para dizer o verdadeiro sentimento que nutriam um pelo outro. O tempo passou e eles se afastaram, mas o amor continuou. Ah! O tempo... será que o vento une o tempo? Como explicar esse amor? Como entender um amor que não houve um toque, um beijo, uma carícia? À noite eles se encontravam em pensamentos e assim se entregavam mutuamente, totalmente aos seus desejos.
Quando se olhavam, seus corpos ficavam febris. Ambos nervosos, mas com medo de tomarem uma atitude. O medo, este atrapalha na hora de uma decisão ou ajuda na hora da fuga. Ou ele acovarda para decidir ou ele encoraja para fugir. Eles fugiram um do outro. O tempo passou, porém não destruiu o sentimento que um nutria pelo outro. Ao se encontrarem, não fugiram.
Ele a aguardava para a viagem e ela não mais acordou.
Gildênia Moura
07.04.2009

Um comentário:

  1. Gostei muito de seu cantinho. É bastante prazeroso e aconchegante. Gostaria de convidá-la a visitar o meu (sem compromisso). Carinhosamente, Bia

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